Se se morre de amor!
(Gonçalves Dias)
Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio...
O QUE TU CHAMAS DE PAIXÃO
É TÃO SOMENTE CURIOSIDADE
E OS TEUS DESEJOS FERVENTE
VÃO BATENDO AS ASAS NA IRREALIDADE
( MANUEL BANDEIRA)
Amar é...
( Cynara)
Fazer sacrifícios, tolerar absurdos
Irritar-se com manias
E no mesmo instante
Aceitar tudo sem raiva
É certeza, é calma
É um desdenhar do mundo
É sorrir dos trejeitos
Acostumar-se com defeitos
Antecipar comportamentos
Entender pensamentos
Quão grande a empatia
Mistura heterogênia
Intimidade e desejos renovados
Cuidado e atenção sempre alerta.